quarta-feira, junho 30, 2004

Laranjal

Como sabem, é do paraíso da laranja política que vos escrevo.
Neste bastião citrino a voz da manhã gritava a plenos pulmões o, aparentemente, inevitável: "POR-TU-GAL, POR-TU-GAL, POR-TU-GAL!"
Apesar de estarmos em dia de embate entre Viriatos e Laranjas Mecânicas - o que, noutro qualquer local deste país, justificaria de per si tal tuga-animação - fui até à varanda para tentar vislumbrar quem tinha o desplante de bradar, aqui, nesta terra, outra coisa que não fosse "Do Vale à Montanha e do Mar à Serra... tralala"
Olhem, era na Escola da Pena. Deve ser o último dia de aulas e, depois da Nelly Furtado ter cantado com "Força", lá se ergueram as centenas de vozes juvenis exultando bem alto a nossa pátria.
Não assistia a semelhante prova de emocionado nacionalismo naquela escola - ou noutra qualquer - desde os tempos em que o Sr. Professor Melim nos fazia alinhar, tipo parada militar, no mesmo polidesportivo, para, em sentido, cantarmos o Hino Nacional.
Enfim, vindo das crianças, só me fez pensar que ainda há esperança. Que a laranja-laranjinha ainda não nos subverteu a todos, com o envenenado sumo da influência política e do regional-porreirismo reinante nas camadas mais adultas(teras) na nossa dermente populaça.
Que há quem vislumbre mais do que uma simples Região. Que há quem viva na plenitude o orgulho de pertencer a uma Nação valente, imortal.

Sem comentários: