terça-feira, setembro 23, 2003

De Hoje a Marte

Hoje foi um dia triste. Não triste de tristeza, mas um triste de tudo fazer sem o menor prazer. Nem a escrever se me sinto bem. Nunca mais é Quarta! Bolas!
Cá vai...
O meu Avô (com letra grande, sim) partiu há poucos dias rumo ao maior bordel do Universo. Marte. O planeta. Como todos sabem, dos planetas o vermelho.
Ora, vejamos se assim não é:
- Todas as casas de meninas têm decoração em tom carmim;
- Os homens (com letra pequena, saliente-se) frequentam casas de meninas;
- Os homens estão loucos para chegar a Marte, vivos;
- Logo, Marte é o "Jaguar" do Universo.
Marte, vermelho e branco (branco não é, mas lá que fica bem-fica!), está a dois terços do percurso entre a nossa Terra e o Paraíso.
Estou certo que o meu Avô reservou, pelo seu comportamento irrepreensível durante a sua vivência terráquea, um cantinho nesse famigerado lugar.
Deixou-nos, ele.
Bon vivant como também era, deixou-se entrar na primeira porta entreaberta que na via láctea encontrou e por lá deve ter ficado. Deve ter ido parar ao Banana’s lá do sítio. Picadinho e açorda, bem quente, a qualquer hora. Ninguém resiste.
Não ouviram falar naquela coisa do planeta vermelho estar mais próximo de nós? Acontece de quantos em quantos anos? Pois é. Acreditam em acasos, no destino? Fenómeno raro era também esse Senhor. A viagem foi encurtada. Isso é que foi. Estavam desejosos de o receber. Como os compreendo.
Ele que sempre nos ensinou a procurar e a disfrutar as coisas boa da vida, devia saber do que falava. Ou não. Mas criava-nos o gosto.
Eu, cá por mim, gosto de pensar que ele está num sítio assim. Gosto!
Viúvo por duas vezes, gostava de mulheres.
Sempre gostou do convívio. Das festas. Do bom vinho. De cantar e bailar.
Um bordel podia ser uma solução. Ou se calhar não. Talvez seja demasiado ordinário. Mas hoje apetece-me pensar que entre um “Fugitivo” e uma estância de férias em Bora-Bora há pouca diferença. Apetece-me. E insisto no bordel. Pronto.
Adorava ler. Adorava a música. Adorava-nos.
Nasceu a 23 de Setembro.
GRANDE.
Mas o dia melhorou no fim. Duas garrafas de bom vinho para três (a última era um Vega, do Douro, de 1997), em seio familiar e tudo se dissipou.
Se beber, não escreva. Quem vos avisa, Marronco é.

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