Eu, ganda Marronco, me confesso. Ainda não sei que linha editorial adoptar para este nobre espaço.
O facto deste blog não ter autor completamente anónimo (sim, pois existem, por terras da metrópole, duas princesas que muito venero e que sabem do endereço desta pérola do reino bloguístico) coloca-me perante o eterno problema do “dar-me a conhecer”. Eu, que tanto gosto de enroscar-me nos meus novelos e fazer do meu dia-a-dia um tremendo emaranhado de pensamentos, palavras, actos e omissões (tal qual como na Santa Missa, acho eu), vejo-me constrangido perante o expor das minhas convicções (se as tenho...) perante um tal público sedento de ler sobre temas interessantes.
And now, for something completely different:
Já agora, menina Maria Papoila, talvez não seja desajustado solicitar-lhe, na sequência destas minhas palavras, o obséquio de corrigir no Vosso blog (Ovos Estrelados, são do melhor! passe-se a publicidade) a denominação do link que reenvia todos os incautos para esta minha página. Que coisa é essa d’O Montes? Um link desses devia direccionar-nos para um site mantido por um clube de eco-fanáticos ou para a página de um qualquer gordo-caixa-de-óculos-e-careca-com-manias-de-espertinho. Não sendo assim, chamar-lhe “O Montes” só irá defraudar expectativas.
For something completely different, again:
Tenho sempre à mão o bendito slogan “falar? gosto mais de ouvir” que, devidamente fundamentado, uso, normalmente com bons resultados, sempre que me é proposto abrir-me ao mundo exterior. E os que me conhecem sabem bem que assim é. Do Marronco poucos sabem. Digo-o quase com uma pontinha de absurdo orgulho.
Sou dono de umas belas orelhitas que sobressaem deste melão em forma de cabeça e que se tornam bastante acolhedoras para quem precisa de ser ouvido.
Sim, porque este fenómeno dos blogs deverá ter muito mais a ver com o facto de ser bastante mais difícil encontrarmos quem realmente nos oiça, do que propriamente arranjarmos alguém com quem conversarmos. Parece-me diferente. Conversar pressupõe troca. De palavras, de conteúdos. É fácil. Abro-me em conversa, na mesma medida em que tu também o faças. Mantemos o equilíbrio, trocamos impressões, sensações, informações, enfim discutimos. Ficamos reconfortados? Talvez.
Ao prazer de ser-se ouvinte junta-se o alívio de que quem precisa de ser ouvido. Muitos de nós não precisamos da troca. Necessitamos realmente de fazer-nos ouvir. Sem termos respostas. Só falar. Sem mais. Saber que há alguém que nos ouve, compreendendo-nos ou não, concordando ou não connosco, mas que se limita a ouvir, é muito tranquilizador.
Bem, mas então falar para uma parede também pode servir? Não. A parede não nos ouve. Não pisca os olhos. Não coça o queixo. Não afaga a barba.
Gritar do alto de uma montanha será suficiente? Não. Há sempre risco do Sr. Eco estar presente e nós não estamos sensibilizados para nos ouvirmos a nós próprios. Não queremos ouvir as nossas ladaínhas.
É preciso alguém. Um ouvinte. Que retenha. Somente. Que nos convide para uma Guiness na ressaca desse momento de extroversão.
Aqui, que ninguém nos ouve, estamos preparados para ouvir?
Como de um blog se trata, gostava que me estivessem a ler. Não precisam comentar.
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