quarta-feira, agosto 11, 2004

Da Conduta

O Exmo. Sr. Dr. Juiz Adelino Salvado, que até há dois dias ocupava o cargo de Director Nacional da Polícia Judiciária, teve um trajecto, no mínimo, super-polémico na chefia daquela força policial.
Esteve envolvido, com uma actuação sempre suspeita que só um sagaz Hercule Poirot poderá um dia clarificar, em casos mediáticos como os da demissão de Maria José Morgado, no Apito Dourado do Major Valentim ou, neste bem recente, Cassete-Gate, ao que se sabe promovendo a fuga de informação, violando de forma grosseira o segredo de justiça e objectivamente envolvendo o Ferro Rodrigues no lamaçal da Casa Pia.
Enfim, o manto da suspeição assenta-lhe que nem uma peúga branca em pé de um qualquer nosso emigrante no Luxemburgo, agora retornado para um merecido período de férias.
Uma vez terminada a comissão de serviço que o dito Sr. Dr. Juiz usufruía para poder ocupar aquele cargo, o mesmo deverá voltar a exercer funções num tribunal, certo?
Isto é, vai passar por uma espécie de processo regenerativo, após o qual e à custa de algum tempo calmamente abancado atrás da secretária, enfiado em parados processos judiciais, sem visibilidade pública e encostado a um canto pelo poder político, lhe será permitido regressar ao nosso mundo para com toda a legitimidade que se lhe reconhecia julgar-nos, a nós reles concidadãos-não-magistrados, escudado em nobres princípios, às cegas brandindo a espada justiceira, esquartejando-nos e pesando-nos, para mais facilmente decidir de nossas vidas.
Ora A-Deus! A esse mesmo que hoje é suspeito, quem o julgará pelo condenável exercício das suas funções? Pela incapacidade de reger-se pelo que, de toga, apregoa? Quem irá julgar a forma gratuita como de altas instâncias se revela o desrespeito pelos direitos, liberdades e garantias do cidadão comum?
Ah pois, valha-nos a justiça divina! Ou isso...

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