"Reportagem do diário espanhol sobre o líder madeirense
Jornal El País compara Alberto João Jardim a Kadhafi
27.01.2009 - 14h59 Romana Borja-Santos
O que é que Alberto João Jardim têm a ver com Muammar Kadhafi? De acordo com uma reportagem publicada este fim-de-semana no diário espanhol El País, o Presidente do Governo Regional da Madeira está no poder há 30 anos, sendo apenas superado pelo líder líbio, que ocupa o cargo há 39 anos. Diferenças: “o coronel nunca se submeteu ao veredicto das urnas”.
Jornal El País compara Alberto João Jardim a Kadhafi
27.01.2009 - 14h59 Romana Borja-Santos
O que é que Alberto João Jardim têm a ver com Muammar Kadhafi? De acordo com uma reportagem publicada este fim-de-semana no diário espanhol El País, o Presidente do Governo Regional da Madeira está no poder há 30 anos, sendo apenas superado pelo líder líbio, que ocupa o cargo há 39 anos. Diferenças: “o coronel nunca se submeteu ao veredicto das urnas”.
Três décadas no poder valeram ao social-democrata um artigo intitulado “Paraíso sob controlo – Presidente eterno”, onde são explicados os segredos da longevidade do cargo, aos olhos dos “nuestros hermanos”.
Sobre o perfil do líder madeirense, o jornalista Francesc Relia escreve que o “seu carácter histriónico (...) o leva a depreciar, insultar e incomodar os seus adversários políticos, e também aqueles que estão no seu bando, o Partido Social Democrata (PSD)”. E acrescenta: “Jardim é um produto genuinamente madeirense, catapultado em partes iguais pela Igreja e pelo antigo regime. Durante a ditadura foi protegido pelo homem do salazarismo na Madeira, o seu tio Agostinho Cardoso (...)”. Apesar disso, o jornal salvaguarda que o PSD regional pouco tem de parecido pelo nacional – “Na Madeira, são do PSD os velhos quadros do salazarismo que conservam cargos locais”.
Perante estas características peculiares, o El País questiona qual será o segredo para o povo continuar a votar em Alberto João Jardim e chega a uma resposta: “O dinheiro, em primeiro lugar”. Depois, o diário espanhol explica que a Madeira foi durante décadas a região portuguesa que, proporcionalmente, recebeu mais fundos nacionais e da União Europeia para compensar a insularidade. Na reportagem lê-se também “com este colchão quem não ganha eleições por maioria absoluta?”. A opinião é corroborada pelo vereador socialista na Câmara do Funchal Carlos Pereira que considera que “nestas condições, nem o Papa seria capaz de derrotar Jardim”.“
Com milhões faço inaugurações, com inaugurações ganho eleições”
No que diz respeito aos resultados dos 30 anos à frente da ilha, o El País escreve que ficou “para trás parte da pobreza ancestral” sendo os túneis, viadutos e vias rápidas as marcas do social-democrata, que apostou desde o primeiro dia nas obras públicas. Porém, insistem que estas contaram com “avultados fundos recebidos de Lisboa e Bruxelas”. Depois, o jornalista cita o lema de Jardim - “com milhões faço inaugurações, com inaugurações ganho eleições” - e refere que o líder regional tem ignorado o Tribunal Constitucional, no sentido de não se aproveitar destes eventos para actos de campanha.
A última parte da reportagem é dedicada à “linha [imperceptível] que separa os meios de comunicação e propaganda” na região. O El País escreve mesmo que “o Telejornal da cadeia de televisão pública RTP Madeira é conhecido popularmente como TeleJardim”, que as rádios privadas recebem subsídios estatais e que o “Jornal da Madeira” é o único diário público em Portugal que serve de instrumento político e que é vendido a um preço simbólico de dez cêntimos por a lei proibir que seja gratuito.
Por outro lado, o artigo refere o facto de uma parte considerável população activa trabalhar em na administração regional, acrescentando que “não é preciso perguntar em quem vota este exército de burocratas” e dizendo que se torna muito difícil concorrer contra o actual líder. O El País afirma, ainda, que os ministros raras vezes pedem contas, apesar de não faltarem temas. E dão como exemplo a dívida que ascende a 3000 milhões de euros e que equivale a metade do PIB regional e que passa impune num “Parlamento que não exerce as suas funções de fiscalização (...) [e que não está sujeito] a nenhum regime de incompatibilidades, caso único em Portugal, o que lhes permite fazer negócios com à margem do Governo”.
Depois, a reportagem recorda o episódio deputado do PND que exibiu uma bandeira nazi na Assembleia regional e que foi impedido no dia seguinte de entrar nas instalações. “A oposição, seja de esquerda ou de direita, está de acordo que o regime político da Madeira tem todos os tics de uma república bananeira”, lê-se no El País, que termina o artigo a explicar que Alberto João Jardim não se mostrou disponível para colaborar com o diário espanhol."
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