E quando cair a escuridão?
Uma solitária noite a desvendar o submundo dos indigentes na parte suja da capital do reino, vagueando por becos e travessas desconhecidas, qual feliz naufrago que agradece a sua condição, não buscando agora a tábua de salvação, seria uma espécie de aligeirada prova de vida? Mesmo aos 35?
Seria o enfrentar de alguns medos? Ou, antes, acobardar-me-ia, renunciando a qualquer afronta interna?
Por horas - porque ao sol nascido, sobrevivendo a mim próprio, poderia estar a salvo e de regresso ao calor deste nosso idiota, mas confortável mundo - palmilhar calçadas em declínio, tropeçar nos meus pensamentos angustiantes, viver as agressões e a indiferença, tiritar no frio cortante e perder-me nas malhas da cidade grande, fariam de mim somente mais um cidadão deste mundo.
Se tenho a noção, se o escrevo, tenho de o provar? Pois, eu sou só eu.
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