quarta-feira, janeiro 14, 2004

Cintilante

...
Não faz sentido. Nada faz. Não faço. Vocês não me fazem sentido. Nem vos sinto.
Estão aí?
Porque escrevo? Pois, escrevem. Porque não. Porque sim.
Sentem-no porém?
Eu não.
Leio-vos. Mas, não me fazem suar. Nem sorrir. Nem sequer pestanejar.
Sem partilha ou abertura. Saio, entro, fecho. -me.
E ninguém soube. Cantei e chorei, diverti-me e morrerei. Quem sabe? Souberam?
Expressões. De pesar. De contentamento. Satisfação ou aborrecimento. Fiéis?
Que escondo? Escondem-se. De mim? De ti? Dos próprios, pois então. Do próprio, singular.
Que escrevo? Que me interessa?...
Não escrevo.
Ah, escrevo! Descrevo. Enredo. Male. Desvario. Bruxedo.
Liberto. -me.
Voo. Subo. Sempre, sempre, sempre. E pairo.
Desasado, caio. Lenta e docemente. Que do repelão não se faz a gente.
Em lençóis me encosto. Sossego. Eu. Só.
Em paz, repouso. Nem cego, nem bruto, eu repouso.
Adormeço. E deixo-me sentir.
Reticências, outra vez.

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